Para entender melhor as linhas abaixo, vale perder 5 minutos e ver aqui de onde surgiu essa reflexão...
Tudo começou a passagem de Scott Schuman por São Paulo para clicar a nova campanha do shopping Cidade jardim, que substituiu a com a fashionista Sarah Jessica Parker.
Na tentativa de manutenção do conceito “fashionista em ação”, acredito eu, o blogger foi convidado para fazer fotos das pessoas “descoladas” que circulam pelo shopping. Difícil imaginar que dali poderia sair idéias originais, mas respeitemos a idéia do time de marketing do shopping.
O resultado, nada animador, pode ser visto nas revistas e jornais, mas a discussão deste post é sobre o blog da pessoa em questão. Não sabemos se por edição, falta de espaço ou de material Mr. Schuman postou apenas uma imagem de sua passagem por São Paulo no blog, uma linda garota de chemise xadrez, perdida entre dezenas de fotos tiradas na Austrália, último lugar por onde passou antes de desembarcar em Sampa.
Aí vale a discussão, tentar entender o que rolou. Na minha visão, falar de moda de rua é algo complicadíssimo, primeiro porque moramos no local e não conseguimos ver com os mesmos olhos que as pessoas de fora. Segundo, porque caímos no conceito bobo de que tudo precisa ser original e exótico. Parece que quanto mais doido melhor, vide os blogs de moda de rua.
Pensando friamente, as pessoas de cada país têm um cara comum, singular, que as define como tal e um modo de vestir também. A moda globalizada criou o fenômeno do fashionista, do seguidor de tendências, que acaba sendo um pouco chato, e com o fast fashion isso pode se propagar aos montes. Popularizou a indústria da moda.
A originalidade ficou relegada a poucos, uma ínfima parcela da população que é capaz de pensar moda e entender a brincadeira proposta. Entender o que é tendência, o que é ter estilo...
Pensei muito na única foto, achei um desaforo, mas pensando mais friamente, acho que foi infelicidade de hora e lugar. Difícil pensar, olhando nos locais em que ele clica e forma sua imagem de moda, que no Cidade Jardim acharia seu modelo, que está mais para Augusta ou até mesmo a 25 de março. Para Mr. Schuman moda de rua é um pouco de montação e irreverência.
Para mim é ter estilo, ser original, entender as referências e saber aplicá-las no dia-a-dia. A crítica, acredito eu, é a falta de referência e de formadores de opinião num país desse tamanho. Falta referência para o coletivo, nossas celebridades são bobas, sem estilo... Não me vem nenhum nome de cantora ou atriz que ouço as pessoas querendo copiar o look.
As novelas são as grandes lançadoras de tendências, uma vez que moda fashion local é fechada em uma bolha e inacessível à maioria das pessoas. Enquanto séries e celebridades no exterior propagam estilistas e marcas propagam a indústria da moda, as novelas por aqui difundem peças singulares, que morrem o prazo de validade da narrativa.
A falta de referência leva a falta de atitude, a falta de originalidade, a falta de moda. E nisso as revistas locais contribuem. Não salva uma.
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